9 de set. de 2010

GRANDES MESTRES DA SOCIOLOGIA

Grandes mestre das Ciências Social
Desde suas origens, no século XIX, até hoje, as Ciências Sociais toma-ram-se cada vez mais sofisticadas, complexas e especializadas. Durante esse período, inúmeros pensadores dedicaram longos anos ao estudo da vida em sociedade, procurando descobrir seus mecanismos internos c tornar mais claras as relações entre as pessoas e entre os grupos sociais. A seguir, você vai conhecer um pouco da vida e das ideias de alguns desses estudiosos que, com seu saber, contribuíram para ampliar o conhecimento da humanidade sobre si mesma.


Montesquieu (1689-1755)

Charles Louis de Secondat, Senhor de La Biède e Baião de Montesquieu, nasceu em 18 de janeiro de 1689, no Castelo de La Brède, nos arredores de Bordéus, na França. Mais conhecido como Montesquieu, foi o pensador iluminista que exerceu maior influência no desenvolvimento das teorias jurídicas e políticas da modernidade. Muitos estudiosos o consideram um precursor da Sociologia. Em sua obra mais conhecida, O espírito das leis, fez um estudo comparativo sobre a origem e a natureza das leis que governam as sociedades e analisou as diferentes formas de governo. Para ele, estas deveriam ser adequadas à natureza de cada sociedade e estabelecer a primazia da lei. Montesquieu tinha particular admiração pela monarquia constitucional inglesa e procurou aper-feiçoá-la. Foi o primeiro pensador a analisar a liberdade apenas como um fato, não a discutindo como um valor filosófico ou teológico, o que permitiu uma visão sociológica da realidade. Inspirado na experiência histórica legada pela Revolução Gloriosa de 1688 na Inglaterra, que instituiu a monarquia constitucional, foi também o primeiro pensador a propor a divisão tripartite do poder político em Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Além de O espírito das leis (1748), escreveu Cartas persas (1721) e Consideração sobre a grandeza e decadência dos romanos (1734).


Gean-Jacques Rousseau (1712-1778)

Nascido na Suíça, mas de formação francesa, Rousseau está ligado à Socio-logia moderna por vários aspectos de sua obra. Sua contribuição mais significativa para as Ciências Sociais são livros O contrato social, que se tor um clássico da Ciência Política, e o Discurso sobre a origem e os fundamentai da desigualdade entre os homens. Para Rousseau, a sociedade se originou de um pacto entre os indivíduos que viviam livremente no chamado "estado de natureza". Por meio desse pacto ou contrato, eles estabeleceram a criação de um poder político e legitimaram a passagem da liberdade natural à liberdade civil. Ao mesmo tempo, porém, o surgimento da sociedade e da propriedade privada teria dado origem ã desigualdade e à privação da liberdade. É famosa a frase com que começa O contrato social: "O homem nasce livre, mas por toda parte encontra-se a ferros". Para Rousseau, o ser humano é na-turalmente bom: o mal teria sua origem na sociedade e na propriedade privada, que estimulam o egoísmo e levam à divisão entre ricos e pobres. Com essas ideias, Rousseau exerceu forte influência sobre os jacobinos, uma das tendências radicais da Revolução Francesa de 1789.

Augusto Comte (1798-1857)

Isidore Auguste Marie François Xavier Comte, filósofo e matemático francês, nasceu em Montpellier em 19 de janeiro de 1798. Fez seus primeiros estudos no Liceu de Montpellier e ingressou depois na Escola Politécnica de Paris. Entre 1830 e 1842, publicou sua primeira grande obra, na qual expõe os princípios funda-mentais de sua filosofia e de sua teoria da História: Curso de Filosofia Positiva. A partir de então, sua doutrina passou a ser conhecida como positivismo. Comte afirmava que a sociedade funciona como um organismo, no qual cada parte tem uma função específica, contribuindo para o funcionamento do todo. Segundo ele, ao longo da História a sociedade teria passado por três grandes fases: a teológica, a metafísica e a positiva (ou científica). Na primeira, as pessoas recorriam à vontade dos deuses para explicar os fenómenos naturais; na segunda, utilizavam conceitos mais abstratos, como "natureza"; na terceira, que corresponderia à sociedade in-dustrial, o conhecimento se baseia na descoberta das leis objetivas que determinam os fenómenos. Comte foi o criador da expressão sociologia para designar a ciência que deveria estudar a sociedade. Sua doutrina, o positivismo, exerceu forte influência sobre a oficialidade do Exército brasileiro nas últimas décadas do século XIX. Por isso, um dos lemas positivistas, "Ordem e progresso", figura na bandeira do Brasil.




Karl Marx (1818-1883)



Filósofo, cientista social, economista e revolucionário, Karl Heinrich Marx nasceu em Trier, Alemanha, a 5 de maio de 1818. Estudou na Universidade de Berlim, interessando-se principalmente pelas ideias do filósofo Georg Friedrich Hegel. Formou-se pela Universidade de lena em 1814. Em 1843, transferiu-se para Paris, na França. Lá conheceu Friedrich Engels, um radical alemão de quem se tomaria amigo íntimo e com quem escreveria vários ensaios e livros. Influenciado por ideias socialistas, de 1845 a 1848 viveu em Bruxelas, Bélgica, onde participou de organizações clandestinas de operários e exilados. Em 1847, redigiu com Engels o Manifesto do Partido Comunista, primeiro esboço da teoria revolucionária que, mais tarde, seria chamada de marxismo ou materialismo histórico. Nesse texto, Marx e Engels explicam que a história da humanidade é a história da luta de classes e convocam o proletariado à luta pelo socialismo. Em 1848, quando eclodiram movi-mentos revolucionários em vários países europeus, Marx voltou à Alemanha, onde editou a Nova Gazeta Renana, primeiro jornal diário francamente socialista e que procurava orientar as ações do proletariado alemão. Com o fracasso da revolução, Marx e Engels fugiram para Londres, Inglaterra, onde viveram pelo resto da vida. Em 1864, fundaram a Associação Internacional dos Trabalhadores - depois denominada Primeira Internacional - com o objetivo de lutar pêlos direitos dos trabalhadores em todo o mundo. Em 1867, Marx publicou o primeiro volume de sua obra mais importante, O capital, no qual faz uma crítica radical ao capitalismo e à sociedade burguesa. Marx foi o principal idealizador do socialismo e do comunismo revolucionário. Sua doutrina propõe a derrubada da classe dominante (a burguesia) por meio de uma revolução do proletariado e a criação de uma sociedade sem classes, na qual os meios de produção passem a ser propriedade de toda a coletividade. Entre suas principais obras estão: Miséria da filosofia (1847), O dezoito brumário de Luís Bonaparte (1852) e O capital (1867-1894). Em parceria com Engels, escreveu: A sagrada família (1844), A ideologia alemã (1845-1846) e o Mani-festo do Partido Comunista (1847).






David Emite Durkheim (1858-1917)

O sociólogo Émile Durkheim nasceu em Épinal, França, em 15 de abril de 1858. Em 1887, depois de se doutorar em Filosofia na Escola Normal Superior de Paris, assumiu a cátedra de Sociologia na Universidade de Bordéus, a primeira a ser criada na França. Aí permaneceu até 1902, quando foi convidado a lecionar Sociologia e Pedagogia na Universidade Sorbonne, em Paris. É considerado o fundador da Sociologia moderna. Foi um dos primeiros a estudar mais profundamente fenómenos sociais como o suicídio, o qual, segundo ele, é praticado na maioria das vezes em virtude da desilusão do indivíduo com relação ao meio social em que vive. Para Durkheim, o objeto da Sociologia são os fatos sociais, que devem ser estudados como "coisas", isto é, como algo com existência própria, objetiva, e que atua de forma coercitiva sobre os indivíduos. O sistema sociológico de Durkheim baseia-se em quatro princípios fundamentais:
• A Sociologia é uma ciência independente das demais Ciências Sociais e da Filosofia.
• A realidade social é formada pêlos fenómenos coletivos (ou fatos so¬ciais), considerados como "coisas".
• A causa de cada fato social deve ser procurada entre os fenómenos sociais que o antecedem.
• Os fatos sociais são exteriores aos indivíduos e formam uma realidade específica que exerce sobre eles um poder coercitivo. As principais obras de Durkheim são:
A divisão do trabalho social (1893), As regras do método sociológico (1894) e O suicídio (1897).




Max Weber (1864-1920)





Nascido em Erfurt, na Turíngia, Alemanha, em abril de 1864, o sociólogo e cientista político Max Weber foi profes¬sor de Economia nas universidades alemãs de Freiburg e Heidelberg e é considerado um dos fundadores clássicos da Sociologia. Dotado de espírito investigativo particularmente aguçado e de grande erudição, criou uma nova disciplina, a Sociologia da Religião, no âmbito da qual desenvolveu estudos comparados entre a história económica e a história das doutrinas religiosas.
Weber foi também um dos primeiros cientistas sociais a chamar a atenção para o fenómeno da burocracia, não só no Estado moderno mas também ao longo da História. De acordo com ele, a Sociologia deveria estudar o sentido da ação humana individual, que deve ser buscado pelo método da interpretação e da compreensão. Weber preocupava-se ainda com a responsabilidade social dos cientistas sociais e defendia a busca da neutralidade na vida académica e na investigação científica. As teorias de Weber exerceram grande influência sobre as Ciências Sociais a partir da década de 1920. Em uma de suas obras mais conhecidas, procurou demonstrar a existência de uma estreita ligação entre a ética protestante e a ascensão do capitalismo. Suas principais obras são: A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905) e Economia e sociedade (publicada postumamente em 1922).


Bronislaw Kaspar Malinowski (1884-1942)




Considerado fundador da escola fun-cionalista na Antropologia, Bronislaw Malinowski nasceu em Cracóvia, Polónia, em 7 de abril de 1884. Doutorado em Física e Matemática pela Universidade de sua cidade natal, começou a se in-teressar por Antropologia após a leitura do livro O ramo dourado, do pensador inglês James Prazer. Em 1913, publicou seu primeiro livro, A família entre os aborigines australianos. De 1914 a 1918, realizou um importante trabalho de campo na Nova Guiné e na Austrália. Por essa época, residiu durante alguns meses com os Mailu, habitantes da ilha de Tulon, no oceano Pacífico. Mais tarde, conviveu durante dois anos com os nativos das ilhas Trobriand, arquipélago situado a nordeste da Nova Guiné. Nesse período, aprendeu a língua dos trobriandeses, participando de suas cerimonias e de seu dia-a-dia. Em 1922, Malinowski publicou Argonautas do Pacífico ocidental, um clássico da Antropologia. Publicou também duas outras importantes monografias sobre os trobriandeses: A vida sexual dos selvagens na Melanésia norte-ocidental (1927) e Jardins de coral e sua mágica (1935). Essas três monografias causaram uma revolução nos métodos e técnicas de campo da Antropologia.




Karl Mannheim (1893-1947)



Karl Mannheim nasceu em Buda¬peste, Hungria, em março de 1893. Foi o criador da Sociologia do Conhecimento - uma nova disciplina científica -, cujas bases lançou no livro Ideologia e utopia, sua obra magna. Mannheim afirmava que as ideias políticas e sociais são inspiradas pela situação social dos pensadores na sociedade. Segundo ele, cada fase da humanidade é dominada por um estilo de pensamento. Em cada período, surgem tendências para a conservação ou para a mudança. A conservação produz ideologias; a luta por mudanças leva à formulação de utopias. Para ele, portanto, as ideologias se destinam a legitimar a situação social existente, enquanto as utopias pretendem, ao contrário, justificar a transformação radical da estrutura social.





Charles Wright Mills (1916-1962)

Algumas de suas obras são: Ideo¬logia e utopia (1929), Diagnóstico do nosso tempo (1943) e Liberdade, poder e planejamento democrático (publicada postumamente em 1950). Norte-americano de Waco, Texas, o sociólogo Charles Wright Mills nasceu em 1916. Mestre em Artes, Filosofia e Sociologia pela Universidade do Texas, doutorou-se em Sociologia e Antropologia pela Universidade de Wisconsin. Foi professor de Sociologia das universidades de Maryland e Columbia, nos Estados Unidos. Bastante influenciado pêlos trabalhos de Karl Marx e Max Weber, dirigiu toda a sua atividade científica no sentido de elaborar uma nova Sociologia comparada, que deveria encarar como principal objeto a análise dos tempos atuais, con-siderados como fase transitória entre a Idade Moderna e o período posterior, a que chamou de Quarta Época. Para Mills, a racionalidade da sociedade contemporânea, no mundo ocidental, não produziu a indispensável libertação do ser humano, já que as principais ideologias desenvolvidas - liberalismo e socialismo - não se mostraram capazes de prever e controlar os intensos processos de mudança social. Suas principais obras são: A nova classe média (1951), A elite do poder (1956), A imaginação sociológica (1959) e Os marxistas (1962).




Claude Lévi-Strauss (1908- 2009 )

Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas, em novembro de 1908. Estudou na Universidade de Paris, licenciando-se em Filosofia e Direito. Em 1934, foi convidado a lecionar Sociologia no Brasil, na então recém-criada Universidade de São Paulo (USP), onde permaneceu até 1937. Durante esse período, estudou grupos indígenas no Brasil central, observando de perto seus costumes, tradições, crenças e outras manifestações culturais. Dois anos depois, publicou seu primeiro trabalho de natureza antropológica: um artigo sobre a organização social dos índios Bororó. Após deixar a Universidade de São Paulo, obteve do governo francês financiamento para uma nova expedição ao interior do Brasil (1938-1939). Lévi-Strauss instituiu o método estruturalista em Antropologia. Com esse instrumento de análise, ele procura descobrir as relações mais profundas entre os elementos da cultura, ou seja, desvendar as estruturas que sustentam os valores e costumes de uma sociedade, comunidade ou grupo social e que explicam as semelhanças e diferenças entre as diversas culturas. As pesquisas de Lévi-Strauss entre os indígenas brasileiros deram origem a um de seus primeiros livros: Tristes trópicos, publicado em 1935. Outras de suas obras são: Estruturas elementares de parentesco (1949), Antropologia estrutural (1958) e O pensamento selvagem (1962).





Gilberto Freyre (1900-1987)

Antropólogo, sociólogo e escritor, Gilberto Freyre nasceu no Recife, Per-nambuco, em 1900. Fez seus estudos universitários nos Estados Unidos, ini¬cialmente na Universidade de Baylor e depois na Universidade de Columbia, onde defendeu, em 1922, a tese Social life in Brazil in the middle of 19th century (Vida social no Brasil em meados do século XIX). Foi o pioneiro da abordagem cultural no estudo da formação da sociedade brasileira. Em 1933, publicou Casa-grande e senzala, primeira parte de uma obra que deveria se chamar Introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil (as outras partes foram Sobrados e mocambos, de 1936, e Ordem e progresso, publicada em 1959). Casa-grande e senzala é considerada sua obra máxima. Nela, renovou a teoria social, apresentando ideias que se contrapunham ao racismo então vigente, que atribuía o atraso da sociedade brasileira à presença de negros e índios e à sua mistura com europeus na formação de nosso povo, gerando o mestiço. Freyre, ao contrário, atribuía a ri-queza e a força cultural dos brasileiros justamente à mistura de etnias; ele valorizou o mestiço e a contribuição africana e indígena na formação da cultura brasileira. Além disso, foi um pioneiro na abordagem de alguns temas que, décadas mais tarde, teriam enorme popularidade na chamada "história das mentalidades" - a moda, os costumes, a vida íntima e sexual, a alimentação, a morte, etc. Fundador do Instituto (atual Fundação) Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, com sede no Recife, Gilberto Freire escreveu oitenta livros de estu-dos sociológicos e antropológicos, além de vários volumes de ficção e poesia.




Florestan Fernandes (1920-1995)

De família humilde, Florestan Fernandes nasceu em São Paulo, em 22 de julho de 1920. Trabalhando de dia e estudando à noite desde muito cedo, fez o curso de madureza (uma espécie de supletivo) e a seguir estudou Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências da Universidade de São Paulo (USP). Lecionou na USP até 1969 - quando foi aposentado compulsoriamente pela ditadura militar -, formando várias gerações de cientistas sociais. Obrigado a sair do país por força das perseguições políticas que sofreu, foi professor em diversas universidades estrangeiras. Em 1976, voltou a lecionar no Brasil, agora na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. É o fundador e principal representante da Sociologia Crítica no Brasil. Sua obra constitui uma profunda reflexão sobre as desigualdades sociais e sobre o papel da Sociologia diante dessa realidade. Assim, não apenas em seus livros, mas também em cursos, conferências e artigos na imprensa, ele procurou desenvolver e aprofundar a reflexão crítica sobre a realidade brasileira, com suas enormes desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais. Como certamente diria Karl Mannheim, a própria história de vida de Florestan Fernandes explica essa posição crítica: "Eu nunca teria sido o sociólogo em que me converti - escreveu ele - sem o meu passado e sem a socialização pré e extraescolar que recebi, através das duras lições da vida. [...] Iniciei a minha aprendizagem 'sociológica' aos 6 anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que é a convivência humana". De sua imensa obra, destacam-se: A organização social dos Tupinambá (1949), Fundamentos empíricos da explicação sociológica (1959), A sociologia numa era de revolução social (1963), A integração do negro na sociedade de classes (1965) e A natureza sociológica da Sociologia (1980). Nas eleições de 1986, Florestan Fernandes foi eleito deputado constituinte pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1990, foi reeleito deputado federal. Mo¬reu em 1995, na cidade de São Paulo.





Alain Touraine (1925- )





Nascido em 1925 em Hermanville-sur-Mer, na França, Alain Touraine formou-se pela Escola Normal Superior de Paris em 1950. Realizou estudos em universidades norte-americanas e foi pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas da França. Em 1956, fundou o Centro de Estudos para a Sociologia do Trabalho da Universidade do Chile. Quatro anos depois, de volta à França, tornou-se pesquisador sénior da Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais de Paris. A obra de Alain Touraine pode ser dividida em três etapas: a primeira, baseada em estudos de campo realizados na América Latina, está voltada para o estudo do trabalho e da consciência de classe dos trabalhadores. A segunda tem por objeto o estudo dos movimentos sociais, em particular as revoltas estudantis e operárias iniciadas em maio de 1968 na França, e os golpes de Estado latino-americanos das décadas de 1960 e 1970. A terceira etapa, na qual Touraine ainda trabalha, envolve o estudo do papel do indivíduo nos movimentos sociais e a análise da sociedade pós-industrial. Touraine é autor de vários livros, entre os quais Poderemos viver juntos?, iguais e desiguais (1977) e Crítica à modernidade (1994).





Octavio lanni (1926-2004)

Graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, onde fez também mestrado e doutorado, Octavio lanni teve seus direitos políticos cassados pela ditadura militar em 1969. Em 1977, voltou ao Brasil para lecionar na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e na Universidade de Campinas (Unicamp). Em suas pesquisas, especializou-se na análise do populismo e do imperialismo. Fez parte da chamada Escola Paulista de Sociologia, cuja principal referência é Florestan Fernandes. Na década de 1990, sua pesquisa se voltou para a crítica à globalização e à nova ordem global. Foi um dos sociólo-gos mais influentes do Brasil. Entre suas obras, destacam-se: Metamorfoses do escravo (1962), Industrialização e desenvolvimento social no Brasil (1963), O colapso do populismo no Brasil (1965) e A sociedade global (1992).





Fernando Henrique Cardoso (1931- )





Presidente da República por dois mandatos consecutivos (1995-2003), Fernando Henrique Cardoso é sociólogo e autor de vários livros sobre mudança social e sobre os condicionantes políticos do desenvolvimento no Brasil e na América Latina. Formou-se em Sociologia pela Uni-versidade de São Paulo (USP), da qual recebeu também os títulos de mestre e doutor em Sociologia. Perseguido depois do golpe militar de 1964, exilou-se no Chile e na França, pesquisando, escrevendo e lecionando. No Chile, elaborou, juntamente com o sociólogo chileno Enzo Falleto, a "teoria da dependência". Segundo essa teoria, a dependência dos países latino-americanos em relação ao capital estrangeiro não era um obstáculo para sua industrialização. Para Cardoso e Fal-letto, a industrialização já estava ocorrendo naquele momento nos países latino-americanos, ou seja, ela não estava necessariamente ligada à independência económica desses países em relação ao capital imperialista. Até então, os intelectuais de esquerda acreditavam que o capital estrangeiro constituía um dos obstáculos para o desenvolvimento do Brasil. Fernando Henrique Cardoso voltou ao Brasil em 1968, assumindo a cátedra de Ciência Política da Universidade de São Paulo. Em 1969, foi aposentado compulsoriamente e teve seus direitos políticos cassados pelo Ato Institucional n° 5. Para ficar no Brasil, criou em São Paulo, com outros professores e pesqui-sadores cassados, o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que se tornaria um importante núcleo de pes-quisa e reflexão sobre a realidade bra-sileira. Entre seus livros, estão Capitalismo e escravidão no Brasil meridional: o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul (1962) e A arte da política: a história que vivi (2006). Com Enzo Falletto, escreveu Dependência e desenvolvimento na América Latina (1969).

2 comentários:

Unknown disse...

amei o teu blogger ele é perfeito
fala tudo sobre os mestres das ciências sociais. ( sociologia)

Anônimo disse...

Foi bom, mas esquexeste muitos autores que deram um gtande pulo ao desenvolvimento da sociologia como: Spencer, Parson, Simmel,entre outros.